domingo, 25 de dezembro de 2011

Sobre religião e coisas entaladas.

Não sei bem onde minha heresia tivera início.

Criada em berços católicos, batisada, catequisada e obrigada a frequentar a igreja em festas religiosas, segui. Aos 9 anos, já sabia rezar o credo, o terço, o Salmo 23 de cor- a pró mandava ler todos os dias- e até arriscava um rosário.

Aonde quer que tenha começado, as dúvidas sempre me ocorriam cada vez que ouvia histórias bíblicas, relatos, Cristo morreu por nós, Adão, Eva, maçãs e cobras. E, junto aos anos de rebeldia, embora empurrada às missas, me mantive sempre descrente dessa devoção à divinidade, ao espírito santo e ao seu único filho, nosso senhor.

Foi das perguntas clássicas como: " se Deus existe, por que tanta criança morre de fome?", " se só tinha Adão e Eva, como surgiu toda a humanidade?" que surgiu meu espírito deísta, ateu, agnóstico, não sei exatamente.

Independente de qual dos três, uma coisa é fato: religiões não me cabem.

O que ocorre é que, diante de uma sociedade cada vez mais religiosa, fica um tanto difícil seguir agnóstica, atéia ou deísta sem criticas. Atrelaram a falta de religião à falta de paz de espírito, de boas ações, aos ícones de rock satânico que viviam em tons de preto pixando muros e causando revoluções,matando gente, se drogando. Ou, até mesmo, aos antigos bruxos que morriam na fogueira negando Jesus. Então, se você tenta explicar a alguém que incessantemente insiste em te convencer a frequentar igrejas que não tem e não se interessa por nenhuma religião, este passa, automaticamente,a te ver como um chefe da máfia africana que trafica órgãos, vende diamantes, escraviza crianças, estupra mulheres e vive com uma metralhadora matando quem quer e bem entende com uma corrente de ouro legítimo pendurado no pescoço.

Dentre todas as citaões, salmos, capítulos, versículos e cânticos que engoli serenamente, uma coisa apenas permaneceu em mim: a importancia das boas ações. Essa me pareceu, bem clara, ser a lei que esse Deus tanto quer passar. O que vejo, porém, é que, não importa o quão bom você seja,trabalhe em um hospital volntariamente na ala de idosos, tenha um abrigo para animais abandonados e, todos os meses, distribua comida aos moradores de rua, nada disso vale a pena se você não frequentar cultos ou missas aos domingos.

E, pra piorar, sou dessas que não se mete em discussões religiosas com qualquer um. Eles se expressam sempre com uma devoção tão absoluta e argumentos baseados sempre na escrita divina, a Bíblia, que me parece impossível convence-los sobre qualquer coisa. Então permaneço eu, mafiosa aficana, cansada de contra argumentar e necessitando, cada vez mais, ligar o foda-se e ser feliz. Viver sem respeito à sua opção de vida é uma tarefa bastante complicada, sobretudo, quando sua escolha é viver contra a algo acreditado tão cegamente.

Tenho ciência também, que, a religião é necessária. Conheço gente, de perto mesmo, que garanto só "fazer o bem" por receio de castigo futuro. A essas pessoas, penso que, em ausência dessa possível chance de viver o resto da vida nos 50º do inferno (já basta Salvador, , minha gente) elas poderiam se tornar um grande problema à sociedade. Penso também que as religiões podem ter surgido da necessidade de controle populacional. Ora, já deu pra notar que humanos são, em essência, seres dispostos a se dar bem nas situações não importando o quanto isso prejudique o outro. Egoísmo é biológico e não ocorre só na humanidade. Os genes egoístas vem causando a morte de colônias de algas, onde, a colônia inteira é prejudicada pelo comportamento egoísta de alguns indivíduos. Penso, diante disso, que se talvez não fosse a religião pra por uma rédea no egoísmo humano, maior que das algas, rs, o que seria dos 6, ou quase 7 bilhões de pessoas que habitam, hoje, essa terrinha?

Não sou a favor, portanto, do fim das tantas igrejas de tantos os tipos, com tantas as crenças. Vejo que talvez seja até um mal necessário. O altruísmo agradece, ainda que forçado. Sou a favor do respeito para com os que preferem viver muito bem, obrigada distante desse compromisso árduo religioso, dessa crença em uma verdade absoluta e do respeito, principalmente para com aqueles que optaram por crer em outro Deus ou de outra forma. É só isso, um verbo muito simples: respeitar. Que reflitam sobre os trechos que vocês cegamente repetem, que, embora eu nunca tenha totalmente lido o manual, sei há a defesa pelo bem . E, com minhas poucas 20 primaveras de experiência já deu pra perceber que, uma das das indiretas formas de se fazer o bem é ter respeito.